A criação de instituições de formação é um passo importante, talvez mesmo fundamental, no delineamento de um campo de atuação. Elas são um ponto de inflexão no qual se imbricam questões que estão para além da garantia de oferta de serviços de qualidade aos potenciais usuários. O seu perfil também indica os fatores de valorização endógena e exógena dos futuros profissionais, bem como o que deles se espera em suas intervenções. Apenas atender o mercado? Tensionar as fronteiras do mercado? Que compromissos políticos deve assumir para além do mercado?

Quando essa formação é de nível universitário, há outras questões não menos importantes envolvidas, relacionadas à configuração de uma disciplina acadêmica. Como essa instituição estará atenta e contribuirá com os debates de uma área de conhecimento que pode se estruturar stricto sensu como uma ciência ou a partir de uma necessidade específica de intervenção, como é o caso da Educação Física?

A depender do cenário onde se insere, a importância das instituições de formação pode extrapolar esses elementos mais diretamente relacionados à atuação profissional/campo acadêmico, tendo relação com impactos locais. Em muitas cidades desse nosso país continental, podemos observar tal aspecto de forma múltipla.

Instituições acadêmicas promovem desenvolvimentos múltiplos nas localidades onde se inserem. Movimentam a economia com o trânsito de alunos. Interferem com o conhecimento gerado no aperfeiçoamento dos serviços. Criam mesmo fatores de valorização e elevação da autoestima em função dos bons resultados obtidos.

Esse impacto local pode mesmo ser ampliado, envolvendo outras cidades, atraindo gente de outras localidades, destacando-se num cenário em que há poucas opções. O pioneirismo de algumas dessas instituições tem sido registrado na história. Nos dias de hoje, no Estado do Rio de Janeiro, há muitas alternativas para os que desejam cursar Educação Física, opções espalhadas por diversas cidades. Houve um tempo que o quadro era muito distinto.

Em 1939, surgira a Escola Nacional de Educação Física, ligada à Universidade do Brasil. Somente na década de 1970 foram criadas novas iniciativas de formação. O curso da FOA foi um dos pioneiros do Estado, o primeiro do interior. Seus impactos extrapolam os limites de Volta Redonda. Na verdade, a essa instituição se aplicam todas as relevâncias que apontamos anteriormente.

São incalculáveis as contribuições do Curso de Educação Física da FOA nos seus 50 anos de existência – para a formação profissional, para a Educação Física brasileira, para a cidade de Volta Redonda, para o Sul Fluminense, para o Estado do Rio de Janeiro. Por suas fileiras, passaram grandes nomes, entre os quais Manoel José Gomes Tubino. Os impactos de suas iniciativas são imensuráveis.

Incalculáveis, imensuráveis, mas registráveis. Frente à impossibilidade de recuperar todos os passos de uma trajetória – limite que se impõe sempre aos historiadores, cabe fazer recortes, eleger marcos, elencar iniciativas e nomes importantes. Por isso, devemos saudar enfaticamente o lançamento deste livro que tenho a honra e privilégio de prefaciar.

Nos capítulos que se seguem, escritos por colegas que em diferentes momentos fizeram ou fazem parte da história da hoje UniFOA, o(a)s leitore(a)s terão acesso a alguns importantes registros e avaliações sobre sua trajetória. Poderão vislumbrar algo de sua importância, perspectivar o quanto homens e mulheres em movimento pensaram e sonharam projetos.

Que venham mais 50 anos! E que esse primeiro cinquentenário sirva de inspiração para o futuro, que dele possam ser tiradas lições sobre o que deve ou não ser feito, possíveis ajustes, novos arranjos. Fundamentalmente, todavia, que seja um tempo de celebração.

Victor Andrade de Melo

Primavera de 2021.

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