Adentrar o ensino superior sempre é motivo de júbilo para estudantes e seus entes queridos. Em uma sociedade na qual a medicina é vista como uma carreira de destaque e status, o evento ainda se torna mais relevante, com nuances de jornada épica e mudanças significativas do cotidiano de estudantes e familiares.

Tais mudanças incluem uma nova rotina de aprendizagem, por vezes, com metodologias diferentes das até então vivenciadas, complementadas por novas abordagens de ensino, como seminários, apresentações orais, práticas em diferentes laboratórios e cenários de assistência, ampliando as atividades do estudante, ao mesmo tempo que o expõem a novos ambientes e vivências acadêmicas. Da mesma forma, uma nova dinâmica de avaliação é geralmente estabelecida e provas longas e dissertativas se somam a avaliações práticas, arguições, trabalhos escritos e tantos outros diferentes procedimentos, por vezes com resultados inesperados para estudantes que, até então, trilhavam um percurso acadêmico coroado de sucessos. Somado a isso, podemos acrescentar a mudança de cidade, com afastamento do núcleo familiar e novas convivências (repúblicas, grupos de estudo, turmas) que se estabelecem e podem ser geradoras de conflitos e situações adversas na vida universitária.

O impacto dessas mudanças na vida dos estudantes pode ser avassalador. Vários estudos e investigações têm sido realizados para desvelar, tanto a qualidade de vida quanto a saúde mental dos estudantes de medicina, sempre apresentando resultados, no mínimo, preocupantes. A universidade, idealizada como nicho de liberdade, crescimento e autoconhecimento se revela em um ambiente tóxico e causador de sofrimento.

Iniciativas diversas têm sido deflagradas para minimizar esses impactos e garantir qualidade de vida no ambiente universitário. Em Volta Redonda, professores do curso de medicina, aliados aos estudantes e fomentados pela instituição, deram início, há alguns anos, a uma iniciativa que pretendia mudar o cenário acadêmico para prevenir, mitigar e reverter os agravos existentes. O MedZen, iniciado de forma tímida e seminal, com atividades de meditação, rapidamente se desdobrou em muitos outros projetos que, somados, hoje, permeiam quase todos os aspectos da vida universitária e são reconhecidos por docentes e discentes da medicina e de outros cursos.

O presente livro é uma compilação dessas iniciativas, suas ambições, suas histórias, construções, resultados e horizontes atuais. Longe de ser um descritivo final de um projeto acabado, é um registro de um projeto vivo e em crescimento que nos convida ao engajamento por um repensar/refazer de nossa práxis universitária.

 

Prof. Dr. Júlio Cesar Soares Aragão

Coordenador do Curso de Medicina UniFOA

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